quarta-feira, 22 de setembro de 2010

O pau é no conceito de jornalismo crítico

Mas estas encenações prévias de rua têm mais a ver por enquanto com as lutas internas do PT. A possibilidade de vitória de Dilma assanhou de forma prematura o que deveria começar a acontecer a partir de janeiro.

Parece que já estão mapeando desde já os espaços no governo Dilma, ainda no âmbito das probabilidades para nós que acreditamos em democracia, mas já uma coisa certa para eles. O negócio é mapear e dar o rumo deste governo.

Dirceu e seu grupo dentro do PT já estabeleceram de vez o domínio sobre a máquina partidária e para isso até esta campanha eleitoral foi muito útil. Com a justificativa da obediência a uma estratégia eleitoral, acachaparam lideres partidários e até lideranças emergentes, como fizeram em Minas Gerais na humilhação de Patrus Ananias e em tantos outros estados.

Isso abriu o caminho para um poder sobre a campanha da candidata presidencial e o domínio praticamente absoluto no partido. E agora já buscam ocupar espaço no governo, antes mesmo de sair o resultado das urnas.

No mesmo discurso em que atacou a imprensa, Dirceu deixou claro o que pode vir por aí num governo Dilma, quando disse que ela representa a chegada do projeto partidário petista ao poder, o que ainda não foi possível de todo com oito anos de Lula.

E como vimos muito bem, no segundo mandato de Lula foi aberta a picada. O Brasil viveu nesses últimos dois anos um processo de tentativa de acuamento das instituições, com sucesso em vários casos. No terreno eleitoral, por exemplo, pode-se fazer o que quiser em matéria de uso da máquina, abuso do poder econômico e outras ilegalidades. Porém, a imprensa continua sendo um entrave neste projeto.

Daí a jogada casada do capitão Dirceu armar o ataque, o que vem sendo feito bem antes do grito de guerra no sindicato baiano, para logo depois Lula sair pelo país afora usando a solenidade do cargo de presidente da República em palanques eleitorais para desancar a liberdade de expressão. Espertamente eles miram em veículos poderosos, como se fosse um debate sobre o monopólio da informação, mas o objetivo não é outro senão o de calar vozes dissonantes.

As lorotas sobre "ditabranda" ou "falsas denúncias" são apenas para embalar as reais intenções e puxar um coro do qual faz parte gente que é apenas bucha de canhão nesta guerra. A Veja e a Folha são as mesmas do tempo em que este tipo de jornalismo crítico agradava tanto o PT que até José Dirceu, ele que era então o presidente do partido, participava pessoalmente e com muito gosto na elaboração das reportagens, como já informei aqui no blog.

As duas publicações são alvo apenas para esmagar um conceito de jornalismo que agora não é mais interessante para o PT. É uma questão de prioridades. Primeiro é a Folha de S. Paulo e a Veja, alvos preferenciais de circunstância. Depois eles cuidam do resto, que somos todos nós.
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POR José Pires

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