sábado, 17 de maio de 2008

Caindo na vida

Mas a história dá umas voltas que estonteiam qualquer analista. Joaquinzão morreu na miséria. No final da vida estava abandonado em um asilo. Lula está rico, milionário até, e isso levando em conta apenas sua declaração oficial de renda. Hoje como presidente da República, o ex-sindicalista nada de braçada no peleguismo, reinventado e aperfeiçoado pelo seu notório caráter ladino.

O neopeleguismo criado por Lula e seus companheiros deu tão certo que até juntou as duas centrais sindicais mais fortes, opostas pelo berço e unidas agora na divisão de privilégios concedidos pelo Estado. A CUT, nascida no ABC agora é irmã da Força Sindical, parida pelo peleguismo histórico. A Força Sindical cresceu fazendo sorteios de carros nas assembléias. Depois de passar anos condenando, a CUT copiou o método. A Força Sindical cresceu contendo os trabalhadores e se aliando ao governo, o que a CUT criticava. Hoje a CUT faz o mesmo.

A decadência moral do sindicalismo acabou sendo forçada pela ascenção ao poder do líder que teria nascido para fazer o contrário. E a queda veio embalada pelo partido mais moralista, o PT. A vestal caiu na vida. É tudo muito diferente do que dizia Lula, quando era o Lula do ABC, antes de mudar-se de sua “casinha” para morar de graça quase dez anos na casa cedida pelo empresário e compadre Roberto Teixeira. “O pelego é a omissão do movimento sindical brasileiro. O cara consegue se moldar a qualquer tipo de governo”, disse ele em março de 1978.

É sintomático que a Polícia Federal dê de encontro com as roubalheiras em investigações sobre prostituição e tráfico de mulheres − em regime de escravidão, é bom lembrar. Por ter gente de alto poder político e até econômico no meio, a corrupção no país ainda goza de uma imagem superior ao crime comum. O corrupto parece estar uma categoria acima do ladrão comum ou do traficante.

Mas isso é só aparência. São todos da mesma laia e acabam fazendo negócios juntos. Não há como isso não acontecer, pois a base da atuação de corruptos e criminosos comuns é a mesma: a busca de dinheiro fácil por meio do engodo, do suborno e da extorsão. Em último caso, apelam também para a violência. Tinham que acabar mesmo todos na prostituição.
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POR José Pires

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