segunda-feira, 26 de maio de 2008

Dize-me com quem andas...

Ah, se eu pudesse apagar aquela foto. É isso que deve estar passando pela cabeça de muita gente com os resultados da Operação Santa Tereza, em que investigando prostituição a Polícia Federal Polícia Federal deu de encontro com uma quadrilha que desviava dinheiro do BNDES. A PF acabou chegando também no deputado federal Paulinho Pereira da Silva, também presidente da Força Sindical.

A história política no Brasil é uma coisa rápida. Paulinho Pereira era uma das figuras mais influentes da República e, de um momento para outro, bem ligeiro, tornou-se um peso político. Quem andava ao seu lado quando ele estava bem na foto, de olho em sua influência política e no peso da sua central sindical, hoje está com um problemão para resolver, mais ainda se for candidato nas eleições deste ano.

Esse é um dos problemas da política feita de modo oportunista, coisa comum no Brasil. Grudar em gente poderosa pode ser muito lucrativo, tanto no aspecto político quanto no financeiro. Porém, todo o cuidado é pouco com a política brasileira. De uma hora pra outra, o que era boa companhia torna-se um péssimo enrosco. Existe sempre o risco de acordar abraçado com o aliado no meio da lama.

Paulinho Pereira tinha prestígio. O deputado e líder sindical foi articulador e beneficiário de um dos acordos políticos mais importantes do governo Lula, que juntou as duas maiores centrais sindicais do país e ainda tinha no meio um partido de peso, o PDT, que, como parte do acordo, ganhou de Lula o ministério do Trabalho. Com uma importante central sindical na mão e à testa de uma aliança que lhe dava acesso direto até ao presidente da República, Paulinho Pereira virou um aliado importante para tudo quanto é político que almeja algum cargo pelo Brasil afora.

E como o PDT jamais teve coerência alguma na busca de aliados, foi sopa no mel para Paulinho Pereira. Usando a Força Sindical e o partido como suportes, ele foi à luta para tornar-se um nome nacional. A central sindical presidida pelo deputado fez muitas de suas manifestações de cunho falsamente sindical pelo interior do Brasil. Essas reuniões, que juntam multidões atraídas pelo sorteio de carros e casas, eram o sonho de consumo dos políticos.

É claro que muita gente fez questão aparecer sendo filmado ou em fotos com Paulinho Pereira. E agora, o que fazer com as imagens depois que ele encalacrou-se em um dos piores escândalos dos últimos tempos? Bem, os adversários saberão o que fazer com elas.

E nem será preciso muito esforço. O escândalo em que Paulinho Pereira se meteu fala por si e aos berros. E com os piores ingredientes para um ano eleitoral. Até prostituição tem no caso. Bem, se uma imagem fala por mil palavras, imagem com Paulinho Pereira virou palavrão.

Na foto acima, Chico Buarque e o falecido humorista Bussunda, quando o companheiro da Casseta era jovem e de esquerda. Se arrependimento matasse, o idoso, problemático e esquerdista compositor teria sido enterrado ainda no meio do primeiro mandato.
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POR José Pires

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