quarta-feira, 14 de maio de 2008

Trombando com o meio ambiente

O governo Lula ainda vai ser bastante lembrado, no futuro, pelo estrago que faz ao meio ambiente. Cada um admira o herói que quer; e Lula tem os seus. No ano passado ele dizia que os usineiros brasileiros era heróis nacionais e mundiais.

E um governo que tem respeito e estima por usineiros só pode, na surdina, ir demolindo até a precária legislação ambiental que temos. O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, por exemplo, defende fazendeiro que desmata sem licença ambiental. O que não estará fazendo nos bastidores, ele que é um especialista em desmonte dos direitos do cidadão, apesar de ser incompetente na área de exportação de carne? Talvez até instituam uma medalha (Ordem do Toco Queimado é um bom nome) para os que mais desmatam. Está aí, Lula vai gostar. É mais uma cerimônia para ele deitar falatório.

Com hoje estamos ecológicos, devo lembrar o velho ditado gaúcho: os gambás se cheiram. Uma frase dessas, a de Lula elogiando usineiros, é de quem tem espírito de capitão-do-mato. Mas nessa ele se deu mal. O elogio era para falar bem do etanol. Ele foi avisado de que a produção em massa de combustíveis alternativos à base de cana-de-açúcar fatalmente fariam o plantio tomar o lugar dos alimentos, mas lógico que não quis ouvir.

Por aqui, até fez piada com o assunto. E o resultado aí está: o etanol é o grande vilão da crise internacional de alimentos. Governantes sérios sabem que é preciso frear o comércio de veículos particulares, pois eles causam estrago não apenas no meio ambiente como também na economia. Lula quer outra receita: mais carros e mais combustível.

Nisso não deixou de ser metalúrgico. Traiu seus companheiros, se aliou aos poderosos, mas ainda bate forte a mentalidade do metalúrgico: acha que progresso é um carro novo saindo da linha de montagem. Vai ser atropelado pela história.
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POR José Pires

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