quarta-feira, 1 de abril de 2009

A esquerda chutando os pobres

Mas a obrigatoriedade cria outra situação que nunca entra neste debate. Com fica o acesso dos pobres à liberdade de expressão e até mesmo à ascensão social possibilitada pela escrita?

Para ter o canudo preciso cursar uma universidade pública ou pagar para estudar em uma dessas arapucas privadas. Nos dois casos isso fica caro. Poucos falam, mas é demagogia dizer que o pobre pode ter o acesso à universidade por programas governamentais como o que estão aí.

Não é nenhuma novidade apontar as incoerências da esquerda, mas neste caso da exigência do diploma ela atenta contra um dos fatores sociais mais importantes do jornalismo em nossa história. Os jornais sempre foram a porta de acesso para as classes mais pobres participarem das grandes discussões nacionais. Era também a possibilidade de ascenção social, da busca de voz política para as classes mais pobres.

Sem a exigência de canudo algum o jornalismo esteve sempre aberto aos jovens talentosos saídos da pobreza. Bastava ter inteligência e uma certa habilidade na escrita para alcançar um espaço social e político significativo. Isso acontecia, é claro, não só com jovens pobres, mas também com pessoas que não queriam seguir nenhum curso universitário, mas construir uma carreira intelectual ou criativa de forma independente. Os jornais sempre atrairam este tipo de gente. E a sociedade sempre ganhou muito com isso.

Na área do Direito ou Arquitetura, por exemplo, só se entrava com o canudo. E para isso era preciso ter alguma posse. No jornalismo não. Bastava mostrar inteligência e talento para poder freqüentar as redações e logo estar publicando nos grandes jornais do país.

É indiscutível a qualidade que isso sempre trouxe não só ao jornalismo, como também à democracia brasileira.

Com a obrigatoriedade do diploma exigida pela esquerda, fecha-se a porta para os jovens pobres. E que nenhum cínico venha dizer que o Prouni é uma chave para evitar
essa injustiça.
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POR José Pires

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