segunda-feira, 7 de março de 2011

Ah, esses exotismos éticos

É interessante observar países de comportamentos exóticos, como o Japão. Ontem o ministro das Relações Exteriores do Japão, Seiji Maehara, renunciou por ter recebido uma doação política ilegal. Não teve justificativa de caixa 2, de que era só uma tapioca, de que todos fazem igual, nada disso. O ministro pegou o boné (que evidentemente não era do MST) e foi embora.

A doação política ilegal, feita por um doador sul-coreano, era de US$ 50 mil ienes, cerca de R$ 976 na moeda brasileira. Uma merreca, como se diz por aqui, e bem menos, muito menos que os 15 mil reais que o sociólogo petista Emir Sader acha tão pouco para os cofres públicos que, para ele, nem deveria haver preocupação quando algum "merdinha" (sic) não fizer a prestação de contas.

E no mensalão, só um dos participantes do esquema, o então presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, recebeu aproximadamente dez milhões e oitocentos mil reais "a título de propina". São números do inquérito da Procuradoria-Geral da República. Em parte, a bufunfa selou o acordo que envolveu o presidente Lula e seu vice, José Alencar, na criação da chapa presidencial petista de 2002. E ambos estavam no local da negociação para autorizar a operação.

Mas isso são costumes locais. E nesses tudo fica por isso mesmo, ou seja, não acontece punição alguma e, em alguns casos ocorre até vantagem. Mas enquanto as coisas vão rolando sem nenhuma consequência séria em termos de ética por aqui, é importante irmos acompanhando costumes exóticos de países como o Japão. Quem sabe um dia a gente não se dê conta que os exóticos na verdade somos nós.
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POR José Pires

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