segunda-feira, 28 de março de 2011

Mercadante revoga demissão que parecia irrevogável e a CNEN vai ajudar o Japão pela internet

E não saiu a demissão do presidente da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Odair Dias Gonçalves. Para mim não foi surpresa. A demissão era dada como certa, mas eu disse na nota abaixo que tínhamos que esperar para ver, pois o responsável por demiti-lo seria o ministro da Ciência e Tecnologia, Aluizio Mercadante, o político brasileiro que criou o conceito da revogação do irrevogável.

Mercadante disse que a CNEN vai passar por mudanças, mas a saída de Gonçalves acontecerá só depois da crise das usinas atômicas do Japão ser superada. Pelo visto o otimismo brasileiro com o acidente nuclear no Japão continua a toda. Se depender da superação daquela crise, então vai demorar para sair alguém da CNEN.

É tão difícil assim do governo do PT entender que energia nuclear no mundo se divide em antes de Fukushima e depois de Fukushima? O lobby nuclear deve atuar fortemente em todo o planeta, mas o acidente no Japão foi uma demonstração da inviabilidade do uso desse tipo de energia. No Brasil, o lobby parece ter um poder de convencimento extraordinário e é capaz do Programa Nuclear Brasileiro prosseguir. Se isso ocorrer, o que anda acontecendo na CNEN mostra que a única coisa que resta ao brasileiro é cruzar os dedos.

Segundo Mercadante, com a crise nuclear do Japão não dá para demitir o presidente da CNEN. Odair Dias Gonçalves já teria pedido demissão, mas o ministro pediu que ele ficasse no cargo. Mas vão mandar o coitado do Gonçalves a Fukushima para que ele esfrie os reatores? Ainda não, mas ele vai ajudar os 300 mil brasileiros que vivem no Japão.

Mercadante já deu a tarefa ao presidente do CNEN de elaborar um portal na internet para informar diariamente o que está acontecendo no Japão e, também, para fazer uma cartilha detalhada sobre os efeitos da radiação.

Bem, tomara que não esqueçam o Twitter e o Facebook, não é mesmo? Ah, sim... tem também o Orkut. Mas tem que correr com o serviço, senão a crise nuclear acaba sendo superada.
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POR José Pires

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