segunda-feira, 16 de julho de 2007

As vaias do Pan e o sufoco de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou irritado com as vaias que recebeu durante a cerimônia de abertura do Pan-Americano, no Rio de Janeiro. Pessoas próximas dizem que ele ficou bastante contrariado e até cogita não voltar mais aos jogos.
A presença de Lula já era praticamente certa na cerimônia de encerramento, havendo até a possibilidade do presidente participar da entrega de medalhas a equipes que ganhassem o ouro.
Lula foi vaiado cada vez que apareceu no telão colocado no Maracanã. Foram sete vaias que envolveram o estádio inteiro. Até no ensaio para a abertura aconteceram vaias quando seu nome foi citado.
Um assessor disse que o presidente ficou muito irritado e qualificou o episódio como “molecagem”. Era visível o constrangimento e irritação de Lula nos momentos em que era focalizado pelas câmeras de televisão. As cenas já estão no site Youtube (www.youtube.com). Para ver todas, basta digitar a seguinte frase na área de busca do site: Lula, vaia.
A oposição e os aliados de Lula buscam entender o episódio, cada um com seus naturais interesses. Petistas e agregados ao poder tentam desqualificar as vaias. Oposicionistas procuram extrair da análise do fato a relação que o descontentamento popular pode ter com uma possível queda da popularidade do presidente cuja imagem, aparentemente, mantém-se imune aos escândalos políticos que vão derrubando carreiras e destruindo reputações até mesmo em seu círculo de amigos.
A aparente imunidade à crise levou Lula a cometer atos de extrema imprudência nos últimos dias. Na semana passada, em cerimônia pública em Recife, o presidente expressou solidariedade ao ex-deputado Severino Cavalcanti (PP-PE), que teve que renunciar à presidência da Câmara e logo depois ao mandato para não ser cassado, depois que ficou provado que recebera propina do concessionário do restaurante da Casa. Lula afirmou que o ex-deputado teria sido vítima de “vingança da elite”.
Um pouco antes, o presidente já havia aparecido em público dando tapinhas nas costas do senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e reafirmando sua confiança na inocência do presidente do Senado.
Coincidência ou não, nesta segunda-feira já se sabe que o Palácio do Planalto resolveu mudar a estratégia em relação à crise política. Segundo “O Globo”, Lula vai se manter longe do senador Calheiros. “Em vez da articulação ativa nos bastidores em favor do aliado, que vinha fazendo até então, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve adotar, a partir de agora, uma postura de espectador para evitar ser contaminado com o desgaste”, noticiou hoje o jornal carioca.
Lula deve ficar longe do presidente do Senado e também existe a possibilidade dele se afastar de competições esportivas, pelo menos por ora. Agora, além da ansiedade em relação às chances de medalhas para o Brasil, o torcedor tem a dúvida quanto à presença de Lula no encerramento do Pan, no dia 29 de julho. Caso o presidente compareça, seu governo corre o risco de alcançar mais uma marca histórica: pela primeira vez na história os jogos Pan-Americanos podem terminar com vaias.
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POR José Pires

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