terça-feira, 17 de julho de 2007

Entra em cena Renanzinho Paz e Amor

Renan Calheiros mudou de fase. Na última semana o senador andou brigando com alguns colegas e até com a imprensa, mas agora entra na fase que Brasília já chama de “Renanzinho Paz e Amor”. Nos últimos dias procurou todo mundo para conversar, tanto entre os governistas quanto na oposição.

O único com quem Calheiros não falou foi com o senador José Agripino Maia (RN), líder dos Democratas. Foi com Maia que o presidente do Senado teve um “pega” feio na semana passada.

Em entrevista à imprensa, Calheiros foi grosseiro com Maia, dizendo que “só marca reunião quem ganha eleição”, numa menção à derrota sofrida pelo senador Agripino à eleição para a presidência do Senado”. O líder do DEM disputou com Calheiros a presidência. “Quem tem 28 votos, não marca reunião”, disse lembrando ironicamente a votação do adversário naquela disputa.

Com os jornalistas, Calheiros teve uma séria discussão nos bastidores da crise. O blogueiro Ricardo Noblat lembrou bem que o Calheiros que aparece no vídeo é um e fora do vídeo é outro. No vídeo, escreveu Noblat em seu blog na internet, apesar de acuado Calheiros fala baixo, parece calmo, educado e até mesmo gentil ao responder aos jornalistas. Não é a mesma pessoa em off.

Na semana passada, quando falava para vários jornalistas, ele percebeu que Carlos de Lannoy, da TV Globo, queria fazer uma pergunta. O repórter é autor da reportagem que deu início ao desmonte da defesa do senador, quando a TV Globo foi a Alagoas e descobriu que os supostos compradores dos bois de Calheiros não tinham condições financeiras para fazer os negócios que ele alegou em sua defesa. “Com você não falo. Você mente”, disse Calheiros a Lannoy. “Onde está a mentira?”, perguntou o repórter. “Você mente”, retrucou Calheiros.

Mas a grosseria não parou por aí. Depois, quem levou patada foi o repórter Gerson Camaroti, de O Globo. O jornal fez uma reportagem na qual ouviu 59 dos 81 senadores e 37 deles viram como prejudicial à imagem do Senado a permanência de Renan Calheiros na presidência. “Presidente, 37 senadores disseram...”, começou Camaroti, tentando entrevistar o senador. “São 37 votos, 38 com o seu, Camaroti”, cortou Calheiros. “Presidente, mas...”, tentou novamente o repórter. “São 38 votos com o seu, Camaroti”, repetiu Calheiros, olhando ameaçadoramente para o repórter.

O senador José Agripino Mais (DEM-RN) respondeu logo depois à grosseria de Calheiros. O líder do DEM disse que o presidente do Senado não pode transformar em “questão pessoal” o processo a que responde no Conselho de Ética. "Essa não é uma questão pessoal. É da instituição. Será que ele perdeu a razão? Ele tem que zelar pela imagem da instituição", enfatizou Agripino.

Agora Renan Calheiros vai mudar de fase para tentar recuperar as forças nesse recesso e defender-se da possível cassação de seu mandato.
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POR José Pires

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