quarta-feira, 18 de março de 2009

Alô paizão

Um pai extremado é coisa de se admirar. Ainda mais hoje em dia que os laços familiares andam tão frouxos. O caso do senador Tião Vianna, do PT do Acre, é de deixar os olhos molhados.

Sua filha mais velha viajou para o México em janeiro. Então Vianna emprestou seu próprio celular para ela usar durante as duas semanas que fio ou no exterior. Coisa de paizão, é claro. Mas deixemos o próprio senador contar: “"Fiquei preocupado em não conseguir me comunicar com ela. Foi uma atitude de pai".

Não é bacana? O problema é que o celular é do Senado, com as contas pagas pelo contribuinte. O senador justifica dizendo que já pediu à direção-geral do Senado para verificar o valor das ligações. O paizão paga. Agora que saiu na Folha de S. Paulo, é claro.

Mas esse tipo de abuso traz outras informações sobre gastos do Senado, fatos que se em tempos normais já são bem desconfortáveis, que dirá em época de crise. É o velho Senado custando os tubos para o pobre brasileiro. Por que não fechar aquilo lá? Alguns países não tem Senado e funcionam muito bem.

Mas vamos aos gastos. Os 81 senadores tem direito a dois aparelhos celulares e um telefone fixo no apartamento funcional. Tudo sem limite de conta. Vou repetir: sem limite de conta. Parece coisa de gênio da lâmpada, não? É o sonho de consumo de muita gente.

Você deve ter pensado o mesmo que eu sobre o porque de dois celulares. Um é para o senador, outro para o chefe-de-gabinete. E, claro, se o senador for um paizão, então ele empresta para a filhota.
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POR José Pires

Um comentário:

Anônimo disse...

Jota:
Uma primeira pergunta me intriga:
Qual a razão do senador Sebastião Viana (PT/AC) pagar o valor da conta telefônica somente depois de ser pego com a conta na botija?
Poderia ter feito antes. Não fez. É a lógica que mais ou menos tem prevalecido: se descobrirem e não houve outro jeito pago, caso contrário, fica tal qual está (isto é, o contribuinte paga).
Deve ser a mesma lógica de sempre, lembrando aqui o famoso caso de Silvinho Land Rower, dentre outros, ou seja, recebeu o jeep como um, digamos, "presente". Devolveu depois, contudo, somente após descoberto com o jeep na botija.
Para dizer o menos, é o chamado furto com arrependimento posterior, o que, diga-se, não elimina o delito, tão-só o atenua, e isto dentro de parâmetros estritamente jurídicos, o que não é o caso, embora não se o descarte totalmente, pois se trata de questão mais política do que jurídica, portanto muitíssimo mais grave ao meu ver.
Uma segunda pergunta mais intrigante que fica: Quantos jeeps ou contas telefônicas estão ocultas, a espera de serem reveladas?