terça-feira, 17 de março de 2009

Obama brabo, Lula gastando

A crise econômica é braba, mas os privilégios de alguns continuam intactos. Nisso não se mexe. E atitudes que certamente foram a causa da crise continuam sendo mantidas como se vivessemos no melhor dos mundos.

O problema é tão grave que deixou o presidente Barack Obama fulo da vida com segurado AIG e sua história de dar bonificações de US$ 180 milhões para altos funcionários. Os prêmios fazem parte de uma bolada de US$ 450 milhões, de modo que, se a indignação de Obama não for suficiente do dinheiro já embolsado, ao menos dá um basta à farra.

A gigante norte-americana do setor de seguros foi salva da falência pelo governo que lhe deu U$ 180 bilhões de ajuda. No ano passado o prejuízo da empresa foi de U$ 99,3 bilhões. E então qual é o motivo da bonificação? Talvez o fato de ter pegado toda essa bolada e feito de trouxa o contribuinte.

Os bônus milionários foram considerados por Obama uma ofensa ao povo norte-americano nesta época de crise. “Como vão justificar esse assalto aos contribuintes?”, ele perguntou em público. E ainda disse que seu governo adotará todas medidas legais para limitar a farra.

Legalmente pode até não ser possível, mas não importa. O presidente norte-americano está mandando um forte recado. Desse modo delimita de modo sério as condutas no mercado financeiro e também forma uma cultura para o enfrentamento da crise.

Mas e aqui, como vão as coisas? O jargão popular que diz que “o exemplo vem de cima”, sintetiza com perfeição o que se espera de qualquer governo atualmente. Será que Lula conversou sobre isso em seu encontro com Obama? Duvido. Obama poderia ficar bravo.

O governo Lula continua mão aberta nos gastos internos. Hoje o jornal O Globo traz notícia sobre o aumento nas faturas dos cartões corporativos utilizados pela Presidência da República. O aumento já é de 405% em 2009.

Vamos ao que o jornal publica: “O ano ainda está no começo e a crise econômica se agravou, mas as faturas dos cartões corporativos utilizados pela Presidência da República já registram gastos de R$ 2,785 milhões, 65,5% de tudo que foi gasto com os cartões em 2008: R$ 4,250 milhões”.

É um espanto. Imagino o Obama sabendo de uma coisa dessas. Ficaria branco de raiva. Podia até correr o Lula da Casa Branca. Mas veja mais: “Os gastos entre 1º de janeiro e 11 de março deste ano representam uma alta de 405,8% sobre as despesas do primeiro trimestre de 2008. De janeiro a março do ano passado foram gastos com os cartões corporativos R$ 550,6 mil. Os R$ 2,785 milhões deste ano foram gastos só até 11 de março, data em que foi fechado o levantamento. Até o fim do trimestre, a alta registrada será ainda maior.”

O encontro de ontem permite um paralelo entre os dois presidentes. Talvez aconselhado por algum marqueteiro, evidentemente Lula tenta colar sua imagem a de Obama. Em seu discurso, aparentemente espontâneo, esta questão se coloca o tempo todo.

Mas é mais uma farsa que tomara que não seja engolida pela opinião pública. Obama e Lula são antípodas. Enquanto um está zangado com bônus praticados por empresas privadas o outro pratica a gastança o dinheiro público.
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POR José Pires

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