segunda-feira, 13 de abril de 2009

Pobres de espírito

A história que contei acima é um exemplo interessante de como esta cultura parece estar instalada nos meandros da estrutura funcional do Bolsa Família. O programa é uma máquina de votos. Dá pra entender que condicione as pessoas a um papel subserviente, o pedinte do adjutório do presidente amigo dos pobres.

Não é supresa para mim. Não estou entre os que daqui há uns poucos anos, quando Lula estiver fora do poder, receberão com espanto as notícias sobre o que ele andou aprontando nestes tempos. Acho tudo dentro do esperado. Estou apenas fazendo o de sempre: registrando. Mas não posso ficar indignado por algo que vejo como um estímulo para que que os pais maltratem seus filhos. Espera aí: pobreza é uma imposição econômica, mas não precisa ser pobre de espírito.

Eu havia deixado em reserva o assunto até que eu conseguisse informações sobre procedimentos do Bolsa Família em outras regiões como, por exemplo o Nordeste. Como será por lá? Conforme o critério da assistente social citada acima pode até ser que para casal com cinco filhos, se pelo menos três deles não estiverem ranhentos, de cara suja e pés no chão, não sai o Bolsa Família.

Eu ia tocar no assunto só depois de juntar os dados que falei. Mas neste final de semana surgiu o caso da estudante gaúcha que teve cancelada sua matrícula na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) porque uma comissão da universidade deu um parecer contrário à sua entrada por meio do programa de cotas raciais. Os dois casos são tão semelhantes no aspecto de exigir submissão onde deveria ser estimulada a elevação de espírito, que vale a pena juntá-los aqui.

Nem vou ficar muito no mérito das cotas raciais. Sou contrário ao programa, primeiro na essência, porque ao criar uma divisão artificial de raças encaminha de fato o país para uma divisão entre brancos e negros. Além disso, é mais uma treta que preenche a estratégia do governo Lula de dividir para reinar. E de quebra, ainda arruma boquinhas para uma militância racista e disponível para ser aparelhada. Um governo que não sai do palanque precisa dessas coisas.

Demétrio Magnolli é quem melhor escreve sobre o assunto. Mas João Ubaldo Ribeiro, que pela faccia até parece se enquadrar nas cotas, também já fez bons textos sobre esta pataquada racista. Ele sintetiza bem o que eu penso disso: quem tem raça é cachorro, gente não tem raça.
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POR José Pires

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