segunda-feira, 13 de abril de 2009

Polêmica em preto e branco

Mas o programa de cotas existe e a gaúcha Tatiana Oliveira, de 22 anos, estava incluída nele até que uma comissão resolveu que ela não é negra. Pela foto não é mesmo. Tatiana é filha de mãe branca e pai pardo. É neta de negros.

Na universidade, uma comissão da qual faz parte também representantes do movimentos negros fez uma entrevista com ela para avaliar sua presença no sistema de cotas raciais. Ela ingressou este ano no curso de Pedagogia.

Tatiana conta como foi: “Eu falei que me considero parda. Menos parda do que meu pai, porque minha mãe é branca. Respondi que nunca sofri preconceito e que escolhi me inscrever no sistema de cotas porque ele dá chance para que nós, de cor parda, possamos ingressar na universidade. Falei a verdade”.

O pró-reitor de Graduação, Jorge Luiz da Cunha, que assina os documentos de cancelamento de vaga, disse que Tatiana nunca sofreu discriminação, nunca se considerou parda e se considera mais clara que outros integrantes da sua família.

Isso levou ao cancelamento da matrícula da moça. Segundo o pró-reitor, “partindo do espírito das políticas de ações afirmativas, a comissão, que inclusive tem representantes do Movimento Negro, entendeu que ela não se sente participante desse grupo”.

Reparem bem na ênfase dada a participação dos representantes do Movimento Negro na decisão de excluir Tatiana do programa de cotas raciais. Parece um processo de aprimoramento racial.

Na verdade o problema é que Tatiana não atendeu às necessidades ideológicas da comissão e do Movimento Negro. Chega a ser engraçado, parece mesmo piada, mas a observação de que o fato dela nunca ter sofrido discriminação é um dos critérios para a perda do direito de usufruir da cota racial foi feita com toda a seriedade pelo pro-reitor, chefe dos comissários, pelo que entendi.

Por que Tatiana não deu as respostas que a Comissão esperava? É muito honesta? Ignorava que seus colegas de cota fazem isso? Nenhuma das respostas acima? Bem, pode ser também que na hora tenha dado um branco nela.

Imaginem o desenvolvimento deste absurdo programa. Com tais critérios é óbvio que os pretendentes àsvagas começarão a trazer (se é que já não o fazem: na minha opinião fazem sim) as histórias que a comissão exige. Inclusive inventando preconceitos que nunca existiram. Bem, pensem também onde isso vai dar.

Um desenvolvimento de longo prazo pode até fazer com que os negros comecem a evitar relacionamento amoroso brancos. Genética é fogo. A criança pode nascer totalmente branca. E como se vai fazer depois para encaixar um branquinho no sistema de cotas?
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POR José Pires

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