sexta-feira, 2 de abril de 2010

Ô psit

Uma passada de olhos na lista de ministros que sairam esta semana do governo Lula dá bem uma idéia da falta de qualidade humana deste governo. Vem sempre a dúvida sobre este ou aquele nome, no entanto eles estiveram aí nesses últimos quatro anos e alguns até mais. Olhar para os que entram também não ajuda muito: quem são essas pessoas?

É o fim de um governo chocho, de gente sem recheio interno; e não estou falando dos dólares na cueca. A solenidade de despedida da candidata de Lula, que saiu junto com outros nove ministros que também vão disputar eleições, foi bem reveladora da falta de qualidade deste governo. Para um governo que arrota arrogância o tempo todo, faltou animação no bota-fora.

A começar pela fala da mais importante exonerada, que fez um discurso ao nível de uma formatura do primeiro grau. Nem perguntemos como é que uma pessoa que há mais de 20 anos ocupa cargos de chefia no serviço público ainda gagueja durante um discurso. Esta questão só faria sentido se a pessoa com tal incompetência verbal não fosse a escolhida para candidata à presidência da República.

Dilma Roussef tem uma dificuldade danada com a língua portuguesa. No conteúdo é um Conselheiro Acácio de saia. É também uma mestra do pleonasmo, a esgrimista do "peso que pesa". Mas é impressionante como desconhece até a acentuação de palavras comuns. Neste caso, o jornalista Augusto Nunes tem feito um serviço exemplar em seu blog, apontando e corrigindo com ironia os deslizes da candidata de Lula. Eu disse deslize, mas teria que achar outra palavra para a singular gramática da ex-ministra, o “dilmês”. Como neste estilo o erro é praticamente a regra, então o deslize seria quando ela acerta.

Se as vogais não encontram o lugar certo nas falas de Dilma, muitas vezes elas são também bombardeadas com acentos que explodem no lugar errado. No discurso de saída do ministério ela veio com um estranho “tênhamos”, colocando na palavra um estranho chapeuzinho que nem o corretor do computador aceita.

Existe a expressão trocar seis por meia dúzia. No fim de festa do governo Lula trocou-se dez por uma dezena. Nos que saem e nos que entram o que marca é a inexpressividade do conjunto. E o discurso de Dilma deu a chave de ouro para este entra e sai de nulidades.

A dificuldade de lembrar o nome de algum ministro de Lula é tamanha que sua candidata até enrolou a língua quando fez menção ao ministro da Igualdade Racial (que ela também identifica de forma errada como "ministro da Integração Racial", errando inclusive o cargo) para ilustrar uma demagogia com a situação dos negros no Brasil.

Dilma queria falar o nome do ministro, porém, e não percamos o trocadilho, deu aquele branco.

Não houve como ela lembrar o nome, se é que sabe. Tanto que deu aquela paradinha característica do orador que se enrola e ficou nisso mesmo. Encaixou um "querido", seu jeitão de se referir às pessoas. É verdade que o ministro é uma figura que conseguiu ficar praticamente no anonimato, mesmo estando a frente de uma pasta que trata de um tema que não sai da mídia. Mas nem a Dilma sabe seu nome?

É o que podíamos chamar de um ministro à altura do cargo, pois o ministério só existe mesmo por força do lobby de lideranças de movimentos raciais de esquerda e grudados na máquina oficial. E nem é bom lembrar dos ministros que passaram por ali. O atual é o segundo e entrou depois da queda da ministra anterior após denúncias de mau uso do cartão corporativo.

Nesta troca de lugares até mesmo no lugar da candidata entra uma figura que para eles é bomque se fale pouco. Dilma será substituída por Erenice Guerra, que de mais notável no currículo tem a participação na confecção do dossiê interno da Casa Civil com ataques à ex-primeira-dama Ruth Cardoso.

Mas a escolhida que Lula tenta vender como de grande capacidade administrativa teria a obrigação de saber o nome dos colegas ministros e se não souber, como candidata tem a obrigação de pelo menos decorar.

Vejam o trecho da fala: “E aí, o ministro da Integração, [aqui ela dá uma parada e pensa, mas o nome não vem] o nosso querido ministro da Integração Racial [o certo é Igualdade Racial], ele sabe do que eu estou falando, porque neste processo nós continuamos vencendo mais de quatrocentos de peso e de exclusão que pesa e que oprime o nosso país.”

Dilma se apóia num truquezinho manjado, com este “querido”, que ela usa para se referir a qualquer pessoa. No seu ministério, contam os que sofreram sob sua chefia, quando ela fala este “querido” a debandada é geral.

E no discurso ficou nisso mesmo. Cercada de nomes inexpressivos da política brasileira, alguns entrando e outros saindo do governo, o colega fica sendo então conhecido como o Ministro da Integração Social, o querido.
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POR José Pires

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