sábado, 26 de junho de 2010

As raízes do que está aí

Faz tempo que sou da opinião de que tucano é um bicho político que dá cabeçadas demais. Não vou fazer um longo retrospecto das mancadas deste bicho, mas ficando apenas no período Lula, não posso deixar de lembrar que os homens que tem peso na campanha de Serra, como Jereissati e Sérgio Guerra, são os mesmos gênios da estratégia de esperar o poder de Lula desmoronar por si. O conceito foi até bem definido por eles — Lula iria “sangrar em praça pública”.

Com isso, na realidade, deram tempo para o presidente da República mais corrupto da nossa história (segundo um de seus próprios ministros) se recuperar. Por interesse particular ou de grupo, certos tucanos nunca tiveram na verdade a intenção de se opor verdadeiramente ao projeto de poder representado por Lula. Daí o fascínio deles por politicos como Antonio Palocci, cuja imoralidade comporta até os escândalos da mansão da República de Ribeirão Preto, um local onde se juntava a política sem ética e, talvez até, sem o uso de camisinha.

O que acontece é que o governo do PT sempre pareceu a esses tucanos um macaco muito útil na tarefa de tirar as castanhas do fogo para esses tucanos e os interesses empresariais por trás deles. E gente como Palocci atuava como firmadores desse tipo de compromisso.

Os dirigentes do PT nunca se opuseram a este conluio, mas o problema é que o projeto político do lulo-petismo tem que avançar. E feita a picada com a ajuda de amplo setor dos tucanos, a massa asfáltica que pretende perenizar este poder não comporta a democracia. Agora não há mais aquele espaço de “conciliação”. E será que políticos veteranos como Jereissati, Guerra, o Azeredo de Minas Gerais, e tantos outros tucanos que deram uma ajuda indireta ao projeto petista de poder pensavam que este lucrativo jogo iria ser para sempre?

Com os olhos fechados por compromissos quase que meramente financeiros, estes tucanos nunca compreenderam de fato o projeto do PT, com Lula à frente como simbologia da maior eficácia. Acho até que nesta história Lula não é tão determinante como parece. Não estou dizendo que ele é bobo, não. Seria loucura desconsiderar a inteligência de um patife que consegue representar tão bem até o papel de líder humano e bondoso. O que digo é que não há exatamente um "lulismo" bancando este projeto. É bem mais que isso. A grande capacidade do grupo de poder em torno deste projeto foi a de ter entendido bem rápido, lá atrás, o que este homem representava dentro do que pretendiam.

Isso não é nenhuma novidade. Uma das razões dos tucanos não entenderem o que está à sua frente é que se ocupam do Buarque errado. Ficam no Chico, quando quem revela o nó político da nacionalidade que favorece políticos como Lula é outro Buarque, o Sérgio Buarque de Holanda. Lula não leu evidentemente "Raízes do Brasil", mas ele e seus companheiros usam e abusam de todos os defeitos brasileiros muito bem detectados neste livro até profético.
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POR José Pires

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