terça-feira, 1 de junho de 2010

Oliver Stone e o efeito Norma Bengell

O cineasta Oliver Stone teve uma reunião nesta terça-feira com Dilma Rousseff. Os dois ficaram juntos cerca de uma hora e no final a assessoria da candidata do Lula passou algumas informações à imprensa sobre o encontro. A intenção óbviamente era a de levantar a bola de Dilma, mas acabou parecendo que Stone não pode ser levado a sério.

Essa assessoria da Dilma não toma jeito. Bateu novamente o efeito Norma Bengell, agora com alguém do cinema dos Estados Unidos.

Segundo a assessoria, Stone disse que Dilma é "carismática" e que, caso seja eleita, a América do Sul terá duas mulheres presidentes. A outra é Cristina Kirchner, da Argentina.

Ainda de acordo com a assessoria da petista, o cineasta ficou "impressionado" com o conhecimento de Dilma sobre o Brasil, principalmente sobre energia.

Bem, a primeira afirmação é totalmente errada e a que mais prejudica o cineasta, já que é da sua área. Se achou realmente que Dilma é carismática, ele é uma porcaria de profissional. Se existe uma unanimidade entre os analistas sobre esta eleição é a de que Dilma não é carismática. Nem o Lula acha o contrário.

A segunda opinião mostra que Stone é de uma perspicácia impressionante. Esta aí uma verdade política inquestionável: se já tem uma mulher na presidência da Argentina, com a Dilma aqui serão duas na América do Sul.

Sabe tudo de América Latina esse cara. E com esse tipo de raciocínio abre a possibilidade de extrairmos lições muito úteis também de outros cenários. Se for o Serra o eleito, teremos uma situação mais original: ele será o único presidente careca da América do Sul. O presidente da Guiana perdeu bastante cabelo nos últimos tempos, mas genuinamente careca seria só o nosso Serra. Ninguém segura mesmo este país.

Sobre a terceira bobagem, a de que Stone ficou impressionado com o conhecimento de Dilma sobre o Brasil, das duas, uma: ou é mentira da assessoria de Dilma ou o cineasta mentiu para favorecer a petista.

Para avaliar o conhecimento de alguém sobre algo, o avaliador precisa conhecer muito bem o assunto em discussão. E é óbvio que Stone nada sabe sobre o Brasil. Além do mais, em uma hora não dá tempo para tanta conversa assim sobre país algum. Se juntar o assunto da geração de energia, então, aí então é que o tempo fica escasso. E se levarmos em conta a deficiente capacidade de expressão da carismática (sic, sic e sic!) Dilma, uma hora não é tempo suficiente nem para ela explicar onde é Copacabana.

Já é evidente há algum tempo que politicamente o cineasta norte-americano é um estouvado. Não fosse assim, ele não seria fã de carteirinha de Hugo Chávez. Mas esta visita a um candidato à presidência de um país estrangeiro deixa ainda mais claro sua leviandade.

E as informações passadas pelos assessores de Dilma, que o transformam num idiota político, mostram que, enfim, Oliver Stone encontrou uma assessoria à altura da sua capacidade política.
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POR José Pires

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