quarta-feira, 30 de junho de 2010

Movimentando o eleitorado

Marcos Coimbra publica hoje um artigo que foi republicado em vários sites e blogs. O título parece coisa militante partidário — “Mudar ou continuar” — e o conteúdo também. Mas Coimbra é presidente do Instituto Vox Populi.

Vou mostrar só a primeira frase do artigo: “Já faz algum tempo, começou a se generalizar no meio político a convicção de que Dilma vai ganhar as eleições”. E por aí vai, numa parcialidade de constranger até blogueiro petista, colocando a eleição de Dilma como certa, a menos, diz ele, que ela cometa algum “erro calamitoso”.

E neste artigo, ele ainda está pegando leve. Em outros ele tem afirmado que a candidata do Lula vai ganhar no primeiro turno. E a atividade mais marcante do articulista, repito, é ser o presidente de um instituto que tem suas pesquisas divulgadas com destaque pela imprensa.

Evidentemente a opinião de Coimbra não teria a menor importância se ele não fosse presidente (ou dono, tanto faz) do Instituto Vox Populi. Por coincidência, ontem o instituto soltou mais uma pesquisa colocando Dilma à frente de Serra, um movimento que este instituto vem fazendo há algumas semanas.

A publicação do artigo de Coimbra em alguns blogs chega a ser cômico. Saiu logo acima da notícia da sua pesquisa que dá Dilma em primeiro. Basta dar uma analisada em seus artigos para ver que é ele o cara. A movimentação rápida tanto da publicação de seu textos na blogosfera petista quanto dos conceitos que eles emitem é de desconfiar.

O dono do Instituto Vox Populi (ou presidente, vá lá) se apresenta também como sociólogo, mas sua importância na sociologia brasileira é zero. Já na política brasileira ele tem lastro, por assim dizer. Coimbra e seu Vox Populi estão na origem da construção do mito Fernando Collor. O dono do Vox Populi “ é amigo de Collor desde a adolescência. Ele esteve no núcleo inicial da candidatura de Collor e foi até o fim com o segundo presidente mais corrupto da nossa história — no primeiro lugar em corrupção eu fico com a opinião do ex-ministro lulista Mangabeira Unger: é Lula.

Com se fez aquele mito, que rapidamente foi comprovado como fraude, todo mundo sabe.
Que a empresa dele seja levada a sério, já me parece absurdo, por causa dessas intromissões indevidas dele no noticiário. Sem falar nos métodos de suas pesquisas. O pior é que ele ainda é levado a sério mesmo com esta história pregressa que faria um organismo de pesquisas ter que fechar em um país onde houvesse respeito à informação e ao conhecimento. Aqui o Vox Populi nem teve que mudar de nome.

E o instituto e seu dono são tratados pela imprensa como tivessem construído uma história de imparcialidade e credibilidade.

Desse jeito dá para entender a falta de memória do brasileiro. Pois quem tem a obrigação profissional de aguçar esta memória esquece muito fácil as coisas.
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POR José Pires

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