segunda-feira, 21 de junho de 2010

Reescrevendo a história

Esse tipo de argumentação da esquerda é tão idiota que, historicamente, poderia satanizar uma figura exemplar como Joaquim Nabuco, um dos mais importantes líderes abolicionistas e uma das figuras mais impressionantes da história brasileira. Nabuco era branco e filho da elite baiana. Um homem muito rico dotado de uma sensibilidade política como houve em poucos políticos brasileiros e também de uma formidável capacidade intelectual, o que aí faz dele uma raridade na vida pública brasileira.

Por um pensamento raso como este, Nabuco seria excluído da nossa historiografia. E não é isso que setores influentes do movimento negro acabam fazendo? Não só reescrevem a história, como inventaram uma tal de "cultura africana", conferindo a um imenso continente uma unidade que só existe em suas cabeças.

É pensando pequeno assim que tentam dar a Zumbi dos Palmares o peso que ele nunca teve de fato na libertação dos escravos no Brasil. Aliás, o que se sabe é que o próprio Zumbi possuia escravos em Palmares. Mas ele não deixa de ser o herói ideal para quem pratica o reducionismo histórico. Como se sabe pouquíssimo do que ele fez de fato, é uma personalidade histórica que pode ser totalmente construída.

Com Nabuco é bem diferente. Sua história é muito bem conhecida, documentada até por ele próprio em livros muito bem escritos. Seu peso em nossa história é indiscutível, assim como a importância que teve para o fim da escravidão. Mas o coitado do Nabuco não nasceu negro e pobre.

Poderíamos perguntar também aos petistas se a Margareth Tatcher se enquadra no conceito que eles trazem agora para a campanha. E Condoleezza Rice, a mão de ferro que foi secretária de Estado de Bush? E Sarah Palin, a companheira de chapa do republicano John McCain, que entrou na campanha para jogar sujo contra Obama?

Palin se descrevia como uma dona de casa norte-americana típica, "hockey mom", como se diz por lá. A afirmou e provou que entre uma ''hockey mom'' e um pitbull só existe uma diferença: o batom.

Tem outro problema. Se cumprido à risca, o argumento deve levar os petistas gaúchos a votarem na candidata tucana Yeda Crusius para o governo do estado.

Dá para citar centenas de outros exemplos que provam que a argumentação de Dilma é mais uma de suas besteiras. Não que alguém inteligente tivesse dúvida sobre isso, mas a ocupação do mercado de trabalho pelas mulheres provou duas coisas muito importantes.

Primeiro que a mulher é apta para ocupar qualquer função antes destinada praticamente só aos homens. Desde que não seja descarregar saco de soja de caminhão, mas para isso eu e milhares de outros homens também não somos aptos. Outra comprovação é que o fato de ser mulher não agrega qualquer capacidade diferencial à mulher no trabalho em seus aspectos técnicos e éticos. Até em assuntos em que a sensibilidade e o intelecto são definitivos as diferenças são bem menores que os racistas e sexistas propagandeiam. Quem acredita em "literatura feminina" está com graves problemas de leitura.

A idéia não era a de que somos todos iguais? Acreditar que um sexo ou outro tem esta ou aquela capacidade extra é só sexismo. Tem gente querendo fazer disso um conceito de qualidade, mas é mesmo só coisa de marqueteiro. Mas tem que tomar mais cuidado com as frases. Ou vão começar a pensar que o Brasil é um país de proveta.
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POR José Pires

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