terça-feira, 2 de outubro de 2007

Chame o capitão Nascimento!

Não é só o ladrão de Maringá que está indignado com a falta de segurança. O Luciano Huck também está fulo da vida. O apresentador da TV Globo teve o relógio Rolex roubado por motoqueiros em São Paulo.

Enraivecido, Huck escreveu um artigo na Folha de S. Paulo onde diz o seguinte: “Como brasileiro, tenho até pena dos dois pobres coitados montados naquela moto com um par de capacetes velhos e um 38 bem carregado. Agora, como cidadão paulistano, fico revoltado”.

Não entendi a dualidade cívica: como é que alguém tem um sentimento como brasileiro e outro como paulistano? Mas deixa, pra lá, o cara pode ter escrito o artigo em estado de choque. O relógio levado pelos assaltantes custa cerca de R$ 48 mil.

Mas Huck disse mais. Escreveu em seu artigo que “para resolver o problema da violência, só chamando o capitão Nascimento”.

E aí criou um problema pra mim, mano. O capitão Nascimento é um personagem de "Tropa de elite", filme que não vi e nem pretendo ver. O Reinaldo Azevedo já prometeu que vai ver o filme para nós. Mas até agora nada.

Porém, não é preciso ver o filme para saber que o capitão Nascimento é um policial violentíssimo, um Rambo das favelas. O personagem é interpretado pelo ator Wagner Moura.

O capitão Nascimento faz mais sucesso na internet do que seu fã de carterinha Luciano Huck. Na última sapeada que eu dei, o personagem do filme Tropa de Elite já tinha 33 comunidades no Orkut. A maior delas já tem 3 mil participantes.

Também já correm pela internet listas de fatos que atestam sua ferocidade. Uma delas diz que o capitão Nascimento “dorme com um travesseiro debaixo da arma”. Para comprovar a violência dele os internautas também o comparam ao ator norte-americano Chuck Norris, que interpreta personagens violentos no cinema. E Chuck Norris, conforme a piada, perde para o capitão.

O filme deve ser uma paulada. Foi filmado em favelas do Rio. O diretor José Padilha contou à imprensa que foi uma experiência emocionante. “"Havia interação com os moradores. Às vezes os traficantes apareciam e davam conselhos, como: 'Não é assim que se queima um cadáver"', ele disse.

Este é o clima. Ou seja, o capitão Nascimento é um policial da pesada, violentíssimo, adepto da tortura e do assassinato. É isso que o Luciano Huck acredita ser a solução para a violência. Huck só não esclareceu se pensa isso como paulistano ou como brasileiro.
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POR José Pires

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