segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Senador sem voto e sem freio

O senador Renan Calheiros tem uma tropa de choque à altura. Não tem nenhum de seus aliados que fazem o serviço sujo na linha de frente que não esteja encalacrado em alguma treta.

O recordista é seu mais animado companheiro, o senador sem voto e sem senso do ridículo, Wellington Salgado (PMDB-MG). O cara é um craque da lama. Está parecendo o chefe: cada dia aparece uma do senador Salgado.

Na semana passada já havia surgido a denúncia sobre a tentativa do senador de mudar as regras de nomeação do Conselho Nacional da Educação (CNE) para favorecer a própria mãe. Desde 2004, a mãe do senador, Marlene Salgado de Oliveira, tenta integrar o CNE.

A família do senador Salgado é dona da Universidade Salgado de Oliveira (Universo). Sua mãe é reitora da Universo. É evidente a tentativa de usar suas prerrogativas para beneficiar a família e seus próprios negócios.

Mas tem mais: o governo federal acusa na Justiça o senador, seus pais, irmãos e instituições de ensino da família no Rio de Janeiro e em Minas Gerais de sonegarem cerca de R$ 75 milhões em contribuições previdenciárias e Imposto de Renda.

E agora surge outra mutreta, também relacionada com a Universo. O grupo educacional conseguiu 80% de desconto para comprar, sem licitação, um terreno público em Brasília avaliado em R$ 22,5 milhões. O negócio foi fechado em 2004, no governo do notório Joaquim Roriz

A lucrativa transação só foi possível com a inclusão do projeto da Universo em um programa de desenvolvimento do governo do DF. Foi aberta uma brecha para a Universo entrar. Além do abatimento no valor do imóvel, a empresa da família do senador também terá benefícios tributários.

AMBIENTE FAMILIAR
O senador sem voto Wellington Salgado não tem freios. E nem digam ao senador que ele não tem superego. Ele pode querer comprar.

Salgado é suplente do ministro das Comunicações, Hélio Costa. E é também o maior financiador da campanha de Costa. Ele pagou 50% da campanha do atual ministro de Lula e valeu a pena. É senador desde julho de 2005, quando Costa se licenciou.

Remexer na biografia de Salgado é um trabalho que exige nariz tapado. Quando assumiu o mandato no lugar de Costa, ele era presidente da ASOEC(Associação Salgado de Oliveira de Educação e Cultura). A ASOEC é a entidade mantenedora do grupo da família.

Contra a associação correm três ações de execução fiscal movidas pelo INSS. O senador também é alvo de dois inquéritos no STF (Supremo Tribunal Federal) em que é acusado de apropriação indébita no valor de R$ 12 milhões de IR. A Receita afirma que foi descontado o imposto de funcionários e prestadores de serviço e não houve o repasse ao fisco.

Apenas em uma ação da 5ª Vara de Niterói a ASOEC é cobrada pela Fazenda em R$ 43,282 milhões, em valores de outubro de 2005. Além do senador, são réus no processo seus irmãos e seu pai.

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POR José Pires

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