segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Livro deveria ser lido pela esquerda brasileira
O Caderno Dourado fala de temas que infelizmente ainda não foram devidamente discutidos no Brasil. Devia ser leitura obrigatória da esquerda brasileira. Os esclarecimentos que ele traz sobre o autoritarismo e sobre a visão curta que a militância ideológica acaba imprimindo na vida das pessoas, sua aridez humana e intelectual, bem que poderiam ser bem úteis por aqui.

Se a leitura fosse um hábito na universidade brasileira, deveria ser leitura obrigatória em todos os cursos.

Mas estamos bem atrasados nessas discussão. E Doris Lessing sabe disso. Em entrevista à BBC de Londres em março de 2002, ela foi bem irônica. Disse o seguinte: “Ouvi dizer que em partes da América do Sul ainda existem comunistas, o que acho um charme. É como se nada tivesse acontecido”.

Os acontecimentos que não tocaram os comunistas da América do Sul são os crimes de Stálin. O totalitarismo soviético que oprimiu culturas e destruiu pessoas. Parece que Lessing falava de nós, do Brasil, país em que o relatório de Kruschev aparentemente ainda não chegou.

Sobre O Caderno Dourado ela diz que queria deixar uma memória para que as pessoas sempre saibam como viviam aqueles que eram comunistas e que sonhavam com uma era de ouro. “Uma era, é preciso que eu repita, que nós de fato acreditamos, por um breve período, que estivesse logo adiante”, ela escreveu em sua autobiografia.

Lessing acha absurdo ter acreditado nisso. Uma coisa tão estúpida, ela diz. E afirma que escreveu o livro para que pelo menos “essas loucuras” fiquem registradas.
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POR José Pires

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