segunda-feira, 17 de maio de 2010

O bem e o mal de trabuco na mão

Pelo raciocínio da Marta, a candidata Dilma foi uma guerrilheira do bem, a Dilmandela, que não teve outra opção senão pegar o trabuco e, como ela disse no programa eleitoral antecipado do PT, lutar "pela liberdade e pela democracia"

Desculpem o pleonasmo, mas Dilma mente. Tanto ela como o Gabeira lutavam para trocar a ditadura militar por uma muito pior: a ditadura comunista. A diferença com o Gabeira é que ele já fez há bastante tempo a crítica dessa forma de luta e suas motivações políticas.

Dilma não faz nada disso. Ali não tem autocrítica, companheiro. Ao contrário, o discurso político da candidata é de que a luta armada foi a única opção que existia na época, o que é uma mentira histórica. Se quisesse mesmo lutar pela democracia, bastava Dilma ter procurado, por exemplo, o Ulysses Guimarães, ou qualquer outro líder da oposição democrática, o movimento social que acabou criando a pressão da sociedade civil que levou à abertura política, com o fim da didatura.

A luta armada no Brasil atrapalhou a luta pela democracia. Até fortaleceu a posição de grupos radicais mais à direita dentro do regime. Sorte do Brasil que além de equivocada a atuação da esquerda armada foi de uma incompetência similar ao PAC. Não fosse isso e provavelmente teríamos aqui dramas semelhantes ao da Argentina, cujas feridas devem demorar bem mais para cicatrizar.

Marta entrou nesta discussão para fazer cartaz com a militância petista neste início de campanha, mas como tem mão pesada acabou trazendo mais problemas e não o conserto que pretendia. A discussão promete. O que já não era uma dificuldade pequena na campanha petista acabou aumentando de tamanho com a patada da Marta.

E a questão, ao contrário do que os petistas tentam fazer crer, não é de um peso menor nesta eleição. Dilma tem que esclarecer se aquilo lá atrás foi apenas uma barbeiragem política ou se ela ainda tem na cachola o projeto de implantar o comunismo. Isso é importante. Afinal, ela pode vir a ser presidente da República.
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POR José Pires

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