sábado, 1 de maio de 2010

Para a esquerda, a Time não é mais aquela

O episódio da lista louca da Time dá bem a medida da própria loucura do lulo-petismo. Lula precisa sempre ser o primeiro. Estar entre os 25 líderes mais influentes seria pouco para ele.

Eleger o líder mais influente do mundo é uma piada, mesmo que na cabeça da lista esteja o presidente do Estados Unidos. O problema não é com as dificuldades pessoais de Lula, a começar por ser um líder monoglota. Nenhum presidente brasileiro (nem o Serra, se ele for eleito, viu petista?) poderia assumir posição de liderança mundial, parem com isso. Essa cretinice do Lula arrogar para si um poder para redesenhar o mapa político global pegou todo mundo?

E nem falo desse negócio idiota de "ser o primeiro". É chato, mas o Brasil não é determinante em questões internacionais. Pelo simples razão de que nossas condições estruturais, econômicas e militares não nos dão este peso. E qual é o problema? O Chile não tem o Lula com todo esse poder, mas ganha do Brasil em todos os índices positivos. Até para administrar danos de terremoto eles se saem melhor, enquanto nem enchente a gente consegue trabalhar.

Mas continuo desconfiando da lista muito louca da Time. Mesmo com a explicação fajuta deles para a escolha dos 25 nomes. É bem estranho que um título desses caia no colo de Lula exatamente num momento desses, que ele está precisando tanto. A edição feita pela Time, publicando em destaque um texto da figura midiática do documentarista Michael Moore, também é muito suspeita. O texto é de um teor propagandístico fora de qualquer padrão de jornalismo e muito mais do jornalismo sério dos Estados Unidos.

Grifei jornalismo sério porque a Time não é séria há muito tempo. Fiz um texto sobre isso quando foi divulgada a premiação de Lula. No entanto, entre os peixes-piloto do lulo-petismo na internet brasileira a revista passou a ser definida como “a revista mais importante do mundo”.

Então ficamos assim: esqueçam a revista norte-americana muito malvada da invasão do Iraque; agora ela agora é bacana e muito, mas muito confiável mesmo.

É interessante a mudança de visão. Nunca existiu revista mais odiada pela esquerda do que a Time. Havia até simbolismo nesta raiva. E pelo visto agora mudou o padrão. Mas suponhamos que, em vez de Lula, na lista estivesse um outro nome, digamos o do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Então a revista continuaria sendo tratada como uma porta-voz dos piores interesses do capitalismo. Esta é a lógica do pensamento lulo-petista.

Mas a Time se vendeu para o PT? Bem, eu só escreveria isso se fosse desonesto como o Michael Moore, de quem eles tanto gostam. Existem muitas outras maneiras de uma publicação ter boas relações com um governo sem que seja em troca de anúncios ou até de pagamento direto, como muitas publicações de esquerda fazem aqui no Brasil. E, no caso de publicações como a Time e outras dos Estados Unidos, esta relação não se faz com a simples questão de ganho financeiro direto, mas é exercida para o reforço e a manutenção dos interesses gerais defendidos pela publicação.

A Time sempre foi uma publicação identificada com o interesse das grandes corporações. Ressalto que essa preferência editorial sempre foi clara e eles nunca mudarão. É uma revista capitalista que sempre esteve inseriu na linha mais conservadora dentro dos Estados Unidos. Já teve muita influência mundial, mas hoje não é, de forma alguma, “a revista mais importante do mundo”. Não existe isso mais, principalmente depois do advento da internet, mas se for para descer o nível, a The Economist é bem mais importante.

Agora imaginem o que a redação de uma revista identificada com as grandes corporações deve fazer com o presidente de um país tão bacana como o nosso, um terra, só para dar uns poucos exemplos, que permite que a internet custe dez vezes mais que no país deles, trata tão bem os bancos e também é um doce com as montadoras de automóveis? Bem, essa redação vai dar um mimo ao presidente do Brasil, seja ele o Lula ou o FHC.

Dá para entender que não entre na cabeça do Lula que lhe dão atenção internacional por ele ser presidente da República e não pelo que ele acha ser uma impressionante genialidade pessoal. Não são poucos os políticos acometidos por este tipo de doença do Poder. E e muito mais os líderes de má-qualidade. Mas não para engolir uma besteira dessas vindas de profissionais. Aí só pode ser coisa paga. Ninguém é bobo por aqui.
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POR José Pires

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