quarta-feira, 19 de setembro de 2007

Próxima parada: estação Paranóia

Uma reportagem publicada nesta quarta-feira, 19, na Folha de S. Paulo é demonstrativa do baixo nível a que chegou a execução de obras públicas pelas empreiteiras. O jornal descobriu que um erro nas obras da futura estação Pinheiros da Linha 4 do Metrô de São Paulo provocou desencontro entre túneis escavados a partir de duas equipes de trabalho.

Foi também nas obras desta mesma linha que ocorreu o desabamento de um canteiro de obras que causou uma cratera de 80 metros de diâmetro. O acidente causou a interdição de ruas e casas próximas. Sete pessoas foram mortas.

Agora o problema é que os túneis não se encontram. De acordo com a reportagem, “no último dia 10, os túneis Caxingui/Três Poderes, na zona oeste, deveriam ter se encontrado. Porém, há um desalinhamento lateral de 80 cm entre eles”.

A responsabilidade sobre a obra é do Consórcio Via Amarela, que reúne as contrutoras Odebrecht, OAS, Queiroz Galvão, Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez. Para eles, não há problema. “A correção geométrica ocorrerá na seqüência dos trabalhos” disseram para a Folha.

Especialistas consultados pelo jornal afirmam, no entanto, que parâmetros aceitáveis seriam, no máximo, de 10 cm. Isso mesmo: 10 cm. E o desalinhamento foi de 80 cm. E alguns especialistas só aceitam bem menos 10 cm.

Não sou uma pessoa das mais paranóicas, mas sempre tive um certo temor ao usar o metrô de São Paulo. Não faz muito bem para a cabeça entrar por aqueles túneis escuros em alta velocidade meditando sobre o estado das nossas obras públicas, a qualidade das licitações e, ainda por cima, lembrar que até Paulo Maluf andou construindo alguns daqueles túneis.

A gente acaba sendo obrigado a usar o metrô. Hoje é praticamente impossível viver sem ele em São Paulo.

Agora, quanto à estação Pinheiros, acho melhor evitar. Pelo andamento das obras ainda acho aconselhável usar ônibus ou táxi, mesmo quando a estação já estiver pronta.
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POR José Pires

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