quarta-feira, 9 de julho de 2008

Algemas só para pobre

Como se não bastassem os ganhos políticos que o governo Lula já está tendo com a prisão do banqueiro do Opportunity, do megaespeculador Naji Nahas e do ex-prefeito Celso Pitta, os senadores da oposição ainda resolveram dar uma mãozinha nesta tarde.

O Brasil nunca tinha visto políticos pedirem publicamente tratamento privilegiado para criminosos de colarinho branco e foi o que senadores tucanos fizeram em plenário. Sérgio Guerra, presidente do PSDB e Tasso Jereissati, maioral histórico do partido, reclamaram do que julgam ser atitudes “policialescas” da PF. Parece que querem mais educação por parte da polícia na prisão de bacanas.

Segundo o blog de Ricardo Noblat, o único que se insurgiu contra a defesa dos tubarões foi o senador Pedro Simon (PMDB-RS), que disse o seguinte: “O que a gente sente é a sociedade, hoje, revoltada, no sentido de que uma elite não é atingida nunca e o povão só conhece a cadeia. A Polícia Federal está agindo”.

O líder do PSDB no Senado, Artur Virgílio, chegou a interromper Simon de forma agressiva e contra as normas regimentais. Teve que sair do microfone a pedido do presidente do Senado, Garibaldi Alves (PMDB-RN. A prisão de Daniel Dantas tem deixado mesmo muita gente nervosa. Tanto que até se descuidam das péssimas conseqüências políticas e eleitorais que certas atitudes podem causar.

Em um país em que até mesmo com provas em contrário pobre é tratado como culpado pela polícia, os senadores tucanos querem abolir o uso de algemas na prisão de gente rica e poderosa. E estão dando esse espetáculo há menos de três meses de uma eleição municipal e com cerca de dois anos para a outra, a principal, para presidente da República.

Dá a impressão de que os tucanos se cansaram definitivamente de esperar o Lula sangrar em praça pública. E resolveram cortar os próprios pulsos.
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POR José Pires

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