quinta-feira, 17 de julho de 2008

Um governo que se faz de songamonga

Lula costuma se fazer de bobo em certas ocasiões, o que em política pode ser um artifício de muita utilidade. Porém, como tudo que é usado como uma artimanha, isso não pode se tornar um método, uma prática contínua como Lula tem feito, pois então de engenhoso o recurso passa a tolo, perdendo o efeito e até incorrendo no risco de ter um efeito contrário ao pretendido.

E se fazer de bobo no caso do afastamento do delegado responsável pela Operação Satiagraha, Protógenes Queiroz, e equipe, como Lula vem fazendo, não funciona ou pode ter o efeito contrário: o de a opinião pública acreditar que ele deve ter sido feito de bobo mesmo. Ele pensa que é esperto quando vem para a imprensa pedir que o delegado fique no caso ou explique que a decisão de sair foi exclusivamente sua, mas para a opinião pública não colou. O governo tem que ter alguma coisa com a saída do delegado de um caso tão especial, até pelo fato de que, se não for assim, tem algo errado com o governo. Ou com o presidente.

E o negócio é sério. Seu governo se encalacrou com um ato inédito nas investigações da Polícia Federal. O governo barra diretamente uma investigação sobre corrupção e desvio de dinheiro público, numa interferência nunca vista em outro governo e o ato é recebido pela opinião pública como favorável à corrupção. E isso Lula percebeu com rapidez, daí a retórica que pretendia esperta, a do songamonga que nada tem a ver com o caso, mas que soa como tola.

Então o delegado vai sair para fazer um curso, é? Conta outra. E enquanto isso, os detalhes da saída do delegado estão sendo contados, e muito bem contados, no Terra Magazine, que continua fazendo uma ótima cobertura da Operação Satiagraha e a crise política, das mais sérias pois envolve até o Judiciário, que veio com ela. Clique aqui para ler o interessante relato de Bob Fernandes sobre a divisão na Polícia Federal e os incidentes em torno da retirada do delegado do caso.
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POR José Pires

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