sábado, 5 de julho de 2008

Ministro ainda tem cura

E o chato é que Minc já teve que pedir desculpas. Fez isso ontem, em carta ao governador de Pernambuco, Eduardo Campos. O presidente que troca a soja pelo “cerradinho” deve estar feliz. Mas o que é pior neste caso é que, apesar do erro no tom, o conteúdo da fala do ministro tem a comprovação na história de depredação ambiental de Pernambuco, feita em conluio entre políticos e principalmente usineiros.

O atual governador deve conhecer bem tal assunto, já que seu grupo político detém o poder político no estado há décadas. Campos é neto de Miguel Arraes e seu grupo não sai do poder, seja no plano federal ou no estadual, há décadas. Sem costa quente na política dificilmente seria possível para os usineiros manterem impune a depredação criminosa do meio ambiente, não só em Pernambuco como em vários estados brasileiros.

Minc, porém, tem o grave defeito de gostar de frases, digamos assim, impactantes. Em todo o restante de sua entrevista, com exceção desta parte que criou um qüiproquó e contaminou todo o discurso, o assunto é exposto com objetividade, condenando a atitude dos usineiros que destroem a Mata Atlântica e rios de Pernambuco, e até destacando o prejuízo internacional que isso pode causar, com danos no esforço do governo Lula para instituir o etanol como um combustível aternativo.

Porém, em vez de fugir do sensacionalismo natural causado pelo assunto, Minc parece fazer questão de aguçar esse lado da notícia. O mais triste neste caso é que tal estilo contribui pouco para desatar o nó criminoso que junta políticos e empresários na destruição do meio ambiente.

Antes de buscar o equilíbrio ambiental, papel de seu ministério, o ministro deveria trabalhar seu próprio equilíbrio. Depois disso talvez consiga algum resultado (sustentado, claro) de suas falas. O efeito mais rápido será o de não ter que pedir desculpas para gente que, na verdade, tem é muita culpa na tragédia ecológica.
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POR José Pires

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