quinta-feira, 3 de julho de 2008

Brejal dos Guajas: um clássico... da crítica

Voltemos à obra literária de José Sarney. O ex-presidente (é verdade, ele foi mesmo) brasileiro cultiva veleidades literárias, mas infelizmente tem uma grande dificuldade com as ferramentas do ofício. O resultado é que, vá lá, sua obra é uma hortinha miserável, uma porcaria que causaria vômitos no saudoso Bode Orellana, a criação de Henfil que comia livros.

Sarney é incompetente na escrita e não menos na administração do País. Para quem não se lembra, é o presidente da hiperinflação. No entanto, nesta última atividade a esperteza garantiu para ele e sua gente cinco anos na presidência da República. Ele já vinha de décadas grudado em poderosos e tirando lascas enormes de privilégios para ele e sua família. Faz isso desde a ditadura militar de 1964. Desde então, ele nunca esteve fora de qualquer governo.

E além de servir para ficar rico, o poder de Sarney também garantiu para ele uma certa respeitabilidade na literatura. Uma literatura de conchavos, é verdade, na qual ele ostenta até o discutível galardão da Academia Brasileira de Letras, mas que infelizmente deu a ele um certo status também na literatura. Também nessa área ele soube enganar. Até gente sabidamente culta, como Carlos Castello Branco e até − ai, ai, ai − o respeitado crítico literário Leo Gilson Ribeiro, andou falando bem dos livros dele.

Mas o problema é que Millôr Fernandes resolveu conferir e pegou para ler um romance de Sarney, o "Brejal dos Guajas". E aí escreveu aquela ótima série de críticas de que já falei aqui, em um post abaixo. São demolidoras. Foram publicada em janeiro de 1988 na coluna de Millôr no Jornal do Brasil, um espaço da charge política que o humorista transformou em área altamente inteligente e diversificada. Ali, Millôr fazia de tudo, até charge

Falei aqui de uma dessas colunas, na qual ele prova usando a matemática que Sarney fez a besteira de colocar mais de dez mil pessoas em duas ruas de 120 casas. Esta seria Brejal dos Guajas, que o (arrâm!) escritor pretendia caracterizar como um lugarejo do interior do Maranhão na década de 60. Millôr fez as contas e provou Sarney escreveu uma história em que cada casa teria que abrigar mais de cem pessoas.

Vale a pena ler o texto no qual o humorista revela a besteira de Sarney. Até poderia ser dito que "Brejal dos Guajas" não vale nada, mas não seria de todo correto. O livro é uma porcaria, mas acabou gerando essas maravilhas escritas por Millôr Fernandes. Vai ficar na história só por isso.

Postei em nossos arquivos uma das colunas, exatamente aquela em que ele, de modo inédito, faz crítica literária usando a matemática. Clique aqui para ler. Tive que copiar de “Diário da Nova República, Vol. 3”, livro que tenho desde que foi lançado em 1988, mas a série sobre Brejal dos Guajas foi publicada também em “Crítica da razão impura ou O primado da ignorância”, lançado pela editora L&PM.
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POR José Pires

2 comentários:

Anônimo disse...

No meu entender o Sarney deveria escrever o livro " Brejal do brasileiros" pois com vermes como ele a sociedade está indo para o brejo. FHC, Lula, Serra, Dilma, Calheiros, SArney, etc... são todos farinha do mesmo saco.

Unknown disse...

Bestas apocalípticas, jumentos do tipo Sarney insistem em entrar no seleto time de escritores... inclusive na academia de letras do qual comprou uma cadeira prometendo verbas. Foi atendido!

Que pais é esse onde um iletrado vira escritor. Brejal dos Guarás é uma merda, achei num sebo e perdi um tempo lendo essa merda!!