quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Futuro do Senado está com a Polícia Federal

Com o fim do recesso parlamentar, o Senado Federal vive a terrível situação de ter o futuro de seu presidente, Renan Calheiros (PMDB-AL), dependente de investigações policiais. Desse modo, também a situação do Senado depende da polícia. Os senadores já estão preocupados com a imagem da instituição e, com isso, aumentam as chances do senador alagoano ser cassado.

Caso o laudo do Instituto Nacional de Criminalística (INC) da PF comprove que ele cometeu o perjúrio na sua defesa, dificilmente os senadores da base aliada manterão seu apoio.

Em junho, logo depois da apresentação de notas de venda de gado pela defesa de Calheiros para o Conselho de Ética, uma equipe de reportagem da “TV Globo” comprovou que os supostos compradores de bois do senador não tinham condições financeiras para fazer negócios daquele porte.

Na atual situação, o presidente do Senado foi abandonado até mesmo pela senadora Ideli Salvatti (PT-SC), que ia além de seus deveres como líder do bloco do governo e era até agressiva em sua defesa. Salvatti chegou a apelar para a “governabilidade” do país em seus ataques à oposição. A líder do governo também discutiu com jornalistas para preservar o senador Calheiros.

É desde antes do recesso, porém, que os aliados vem abandonando o senador. A situação forçou o presidente Lula, que tem interesse na permanência de Calheiros, a convocar uma reunião de emergência no final de junho no Palácio do Planalto, quando cobrou mais empenho dos PT na defesa do presidente do Senado.

Segundo o jornal “O Globo”, Lula, citando a crise do “mensalão”, cobrou os senadores Ideli Salvatti e Tião Viana e criticou a atuação de petistas e aliados no Conselho de Ética.

No período, Renan Calheiros também se reuniu com Lula no Planalto. Numa conversa anterior com a senadora Salvatti, Calheiros disse coisas que soaram como ameaças para aliados de Lula. Diante do presidente Lula, conforme “O Globo”, o senador alagoano foi mais sutil, mas fez questão de registrar o mesmo recado verbal.

Na mesma época, Renan Calheiro tentou intimidar senadores ameaçando divulgar confidências sobre eles. O presidente do Senado também usou suplentes na tentativa de conseguir sua absolvição antecipada no Conselho de Ética. As ameaças de Calheiros pareciam também ser endereçadas ao palácio do Planalto.

A esdrúxula situação de Lula e seus aliados chamou a atenção do jornal inglês “Financial Times”, um dos mais respeitados do mundo na área econômica. Em uma reportagem sobre a crise, o jornal dizia que “líderes políticos parecem satisfeitos de ver a impunidade desfrutada por Calheiros".

O jornal publicou também que “Lula da Silva” foi visto dando “tapinhas” nas costas de Renan Calheiros, numa alusão à suspeita camaradagem do presidente da República com o senador acusado por falta de decoro.

O “Financial Times” também sintetiza de modo apropriado a crise que envolve o presidente do Senado e atinge a própria instituição. "Pela confissão do próprio senador, um empregado de uma empresa de construção, contratada para grandes obras públicas dependente de emendas sob o controle de Renan, todos os meses por dois anos, enviava pagamentos em dinheiro de cerca de R$12 mil para uma ex-jornalista com quem o senador casado tinha um caso e com quem tem uma filha de 3 anos. Renan diz que isso não o torna culpado de nada", informou.

O jornal também afirma que "os políticos são uma classe especialmente privilegiada no Brasil”.

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